domingo, 31 de maio de 2009

Oração pra Vida


Há manhãs que me trazem o medo
De ter de perto de mim alguém
Quanto aos prantos me vejo sozinho
Que sei que aqui no mundo espero alguém

Alguém que...
Que me faça esperar pelo agora
Pássaro canta, a flor floresce ao dia
Bem ouvido para quem acorda o céu
Quantos rostos o acaso me traz
O momento relento da minha oração

Horas são
Horas vão
Horas são
Poeta que brinca de pega-pega
Te busco em minha composição

Tua saudade
Que fosse metade minha
Que me encontrasse
Como as horas encontra o dia

Poeta que brinca com a dona esperança
Por que a vida é o coletivo das horas que são pro dia.

domingo, 24 de maio de 2009

''Não estou desesperada, não mais que sempre estive, não estou bêbada nem louca, estou é lúcida pra caralho e sei claramente que não tenho nenhuma saída.''

"Eu preciso muito muito de você eu quero muito muito você aqui de vez em quando nem que seja muito de vez em quando você nem precisa trazer maçãs nem perguntar se estou melhor você não precisa trazer nada só você mesmo você nem precisa dizer alguma coisa no telefone basta ligar e eu fico ouvindo o seu silêncio juro como não peço mais que o seu silêncio do outro lado da linha ou do outro lado da porta ou do outro lado do muro.Mas eu preciso muito muito de você.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

"... tenho uma coisa apertada aqui no meu peito, um sufoco, uma sede, um peso, não me venha com essas história de atraiçoamos-todos-os-nossos-ideais, nunca tive porra de ideal nenhum, só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista, capitalista, só queria ser feliz, cara."

"...sabe que o meu gostar por você chegou a ser amor pois se eu me comovia vendo você pois se eu acordava no meio da noite só pra ver você dormindo meu Deus como você me doía de vez em quando eu vou ficar esperando você numa tarde cinzenta de inverno bem no meio duma praça então os meus braços não vão ser suficientes pra abraçar você e a minha voz vai querer dizer tanta mas tanta coisa que eu vou ficar calada um tempo enorme só olhando você sem dizer nada só olhando e pensando meu Deus como você me dói de vez em quando."

quarta-feira, 20 de maio de 2009

'chegue bem perto de mim.
Me olhe,
me toque,
me diga qualquer coisa.
ou não diga nada,
mas chegue mais perto.
Não seja idiota,
não deixe isso se perder,
virar poeira, virar nada.'

" As pessoas falam coisas, e por tras do que falam há o que sentem, e por trás do que sentem, há o que são e nem sempre se mostra ..."

terça-feira, 19 de maio de 2009

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está aí, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada 'impulso vital'. Pois esse impulso ás vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo assim como 'estou contente outra vez'."

Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar.

domingo, 17 de maio de 2009


Independente

do que

aconteça

meus pés

e minhas mãos

continuarão

gelados!

Meu coração...

não sei.



sábado, 16 de maio de 2009

Flor mesclada de amor e rancor.Quero sentir de novo o seu gosto no meu cigarro.Pra quê beber?!!É só chorar;Pra quê chorar?!!.Deixa eu só matar a minha fome do seu corpo jovem.O meu prazer vem da sua carne mastigando a minha bem devagar ,no rítmo da música. O nojo vem com o tempo, mas a necessidade do material é maior.Estuprada.Comida.Fudida.Acho que minha pele está perdendo a cor, as linhas estão aparecendo cada vez mais em todos os cantos.Eles me deixaram sozinha.Aqui.Nessa sala escura.Mas estou satisfeita com meus retratros de antepassados na parede, meus tapetes persa.Meu cabelo perdeu o brilho de tantos puxões.Não consigo mais fechar as pernas, elas estão condicionadas.Não consigo levantar para colocar um sapato , o assoalho está tão gelado.Meu vermelho acabou.

o balanço.

Meus dedos estão calejados de tanto aprender à sofrer,meu corpo já não é mas o mesmo...sinto dores em lugares que nem sabia que existiam, minha respiração falha sem eu ao menos perceber,quando olho para o horizonte só enxergo embaçamento.E quando me vejo no espelho não me reconheço mais, na minha memória está guardada a imagem daquela jovem moça...menina que gosta de brincar no balanço, sentir o vento batendo no rosto , os cabelos se enroscando ,olhar o céu azul ,azul, azul sem nenhuma nuvem...o sol lá longe piscando para mim, a única coisa que se ouve é o ranger da corda com o vai e vem do balanço...só isso num silêncio sem fim, e por um segundo esqueci de tudo ,da boneca, de moer cana,de varrer a terra,de olhar,de piscar, de respirar...esqueci de pensar, só fiquei alí...balançando sem se preocupar com nada .Senti.Pela primeira vez senti.A vida como ela deveria ser vivida, como ela deveria ser sentida.Balançando,balançando...poderia morrer ali ou o mundo acabar naquele segundo eu continuaria alí...choveu,choveu, Choveu e eu comecei a sorrir como nunca.Senti cada pingo de chuva beijando meu corpo.Eu senti.Mas não parava de balançar não podia parar, aquilo era tão bom.O refrescante ar foi passando.Parou de choverE eu ali toda molhada percebi que o mundo era mais mundo...que os galhos secos estavam escharcados por minha causa ,eu tinha feito chover ..eu sozinha...sozinha....sem ninguém olhando...sozinhaDerrepente volta aos meus ouvidos o ranger das cordas, e rangem cada vez mais alto,alto.Alto.Um grito trovador de meu pai desintegra o silêncio,a corda arrebenta ...e eu vôo,pairo no ar.Alto. Saio em busca da chuva,do ar gelado... e quando caio no chão.Tudo volta ao seu lugar.Meus pensamentos não são mais meus, agora, são de meu pai.Me mandando levantar e ir para o moinho aos berros...eu alí parada em choque não sabia o que fazer! não sabia obedecer!!...deitei no chão e em um gesto de menina taquei terra em suas costas ,ele olhou para trás,eu ainda fora de mim comecei a rir, e ele olhando para mim sem reação vendo como eu dava risada...Começou a rir também...nunca tinha visto meu pai rir...numa mesma sintonia ...rimos, eu brincando com a terra e rolando no chão...meu pai sentou com a mão no ventre e começamos a brincar... os dois, rolávamos e pulavamos debaixo do sol que agora nos olhava firmemente com curiosidade...num instante a risada foi indo , indo ,foi.Paramos, meu pai se levantou espanou o ombro e entrou em casa sem dizer uma só palavra.Depois de alguns minutos abri os olhos ...e me vi aqui.