domingo, 29 de março de 2009

"A ausência da presenca machuca e fere o coracao.Cicatrizes que se abrem facilmente, mas que se fecham com a recordação.Mesmo que seja sentida dolorosamente, esta perda de convívio é superada pela alegria das lembranças que estarão cada vez mais vivas em nossas mentes, e marcadas com carinho em nossos corações.Apesar da imensa solidão que sentimos no íntimo, uniremos forças para estarmos sempre felizes, pois, sem duvida, estaremos sendo lembrados pelas mesmas pessoas em que estamos pensando nesse exato momento, com as mesmas preocupações, alegrias e saudades..."

- Foto por: Rafael Saes.

sexta-feira, 27 de março de 2009

- Você tem um cigarro?
- Estou tentando parar de fumar.
- Eu também, mas queria uma coisa nas mãos agora.
- Você tem uma coisa nas mãos agora
.- Eu?
...
- Eu.

quarta-feira, 25 de março de 2009

(esbarrão)-desculpe-me- desculpe-me...eii.. podemos começar de novo? eu sei que não nos conhecemos, mas eu não quero ser uma formiga..sabe? quero dizer, passamos pela vida esbarrando uns nos outros batendo nossas antenas umas nas outras, sempre no piloto automático como formigas, não sendo solicitados a fazer nada de verdadeiramente humano. Pare! Siga! Ande aqui! Dirija ali! Todas ações basicamentes voltadas à sobrevivência. Toda comunicação simplesmente para manter ativa essa colônia de formigas de um modo eficiente e civilizado. "O seu troco". "Papel ou plástico?" "Crédito ou débito?" "Aceita ketchup?" Eu não quero um canudo, eu quero momentos humanos verdadeiros. Eu quero te ver. Quero que você me veja. Eu não quero abrir mão disso. Não quero ser uma formiga, entende?

domingo, 22 de março de 2009

Mudou tudo no amor.
Outra cara.
Outra forma de ver e sentir.
O que antes eu não entendia
Agora é ouro pra mim.
A cabeça mudou, outra cara
Eu tô fora e não vou mais sair
O que eu não precisava agora é preciso
Amor é assim...

sábado, 21 de março de 2009

abre aspas


Se eu fosse um poeta
E entortasse a minha linha reta
Você me daria um ponto?
Ponto de interrogação
Se eu pusesse meus enfeites
O prazer do meu deleite
Você me daria um ponto?
Ponto de interrogação

Abre aspas e me leva nos meus versos que são seus
Abrevia a minha história
Se o mundo anda tão depressa
Eu não tenho pressa, vou perder a hora
Vou perder o sono,vou passar em claro
Claro que eu não vou passar em branco

Abre aspas e me empresta os seus olhos de ateu
Alivia a minha história
Se o mundo anda em linha reta
Eu ando em linha torta, eu ando do meu jeito
Vou andar à toa, vou ficar na proa
Cansei de ser marujo raso
Vou andar à toa vou ficar na boa
Se o mundo espera então eu faço

sexta-feira, 13 de março de 2009

as cartas

Ilusão
Ilusão
Veja as coisas como elas são
A carroça
A dama
O louco
O trunfo
A mão
O enforcado
A dançarina
Numa cortina
O encarnado
A dançarina, o encantado
O encarnado numa cortina
O enforcado

Ilusão
Ilusão
Veja as coisas como elas são
O curinga
A noiva
O noivo
O sim
O não
O prateado
O cavaleiro
No seu espelho
Desfigurado
O cavaleiro, o prateado
Do outro lado do seu espelho
Desfigurado

Ilusão
Ilusão
Veja as coisas como elas são
A fortuna
A roda
O raio
A imensidão
O estrelado
O obscuro
O seu futuro
Embaralhado.

segunda-feira, 9 de março de 2009

...


Tá certo que o nosso mau
Jeito foi vital
Pra dispensar o nosso bom;
O nosso som pausou.
E, portanto, exposição;
A disposição cansou.
Secou da fonte da paciência
E nossa excelência ficou lá fora.
Solução é a solidão de nós.
Deixe eu me livrar das minhas marcas;
Deixe eu me lembrar de criar asas.
Deixa que esse verão eu faço só.
Deixa que esse verão eu faço só.
Deixa que nesse verão eu faço sol.
Só me resta agora acreditar
Que esse encontro que se deu
Não nos traduziu melhor.
A conta da saudade
Quem é que paga?
Já que estamos brigados de nada;
Já que estamos fincados em dor.
Lembra o que valeu a pena
Foi nossa cena não ter pressa pra passar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ai Se Sêsse

Se um dia nois se gostasse
Se um dia nois se queresse
Se nois dois se empareasse
Se juntim nois dois vivesse
Se juntim nois dois morasse
Se juntim nois dois drumisse
Se juntim nois dois morresse
Se pro céu nois assubisse
Mas porém acontecesse de São Pedro não abrisse
a porta do céu e fosse te dizer qualquer tulice
E se eu me arriminasse
E tu cum eu insistisse pra que eu me arresolvesse
E a minha faca puxasse
E o bucho do céu furasse
Tarvês que nois dois ficasse
Tarvês que nois dois caisse
E o céu furado arriasse e as virgi toda fugisse

[do pueta zé da luz xD]

Quase

Ele é quase tudo o que sonhei
E eu sou quase aquilo que sempre evitei
E falhei, sim, falhei
Quase um amor
Quase um caminho
Que me deixou
Quase sozinho
E quase que fiquei contente
E fui feliz pra sempre
No dia em que eu
Quase conquistei seu coração
Quase um amor
Quase um caminho
Que me deixou
Quase sozinho
E apesar de ter ficado
Quase um ano
Quase morto de paixão
Hoje já estou quase bão
Hoje já estou,
Realmente já estou,
Hoje já estou quase bão

...
Vai parir não vai parar
Crianças de aquarela
Vai criar um coração
de um tamanho que não cessa
Vai cuidar da criação
A flor de filho a pedra e água
A filha pede a madrugada
Tudo em volta gira e gera
Tudo em volta não espera
Mãe porque o sorvete é de soja
Mãe porque eu não posso dormir sujo
Mãe me diz o que você quer que eu seja
Mão me diz quem é você
Mãe quem é Fidel e o que é um Papa
Mãe como você faz pra voar
Mãe porque não mata barata
Mãe me diz quem é você...

quinta-feira, 5 de março de 2009


Finies les balades le long du canalles
escaliers des cartes postales
c'est fini, Paris
c'est décidé, je me barre
finis le ciel gris, les matins moroses,
on dit qu'à Toulouse les briques sont roses
oh là-bas, Paris, les briques sont roses

Paris, tu paries, Paris, que je te quitte
que je change de cap, de capitale
Paris, tu paries, Paris, que je te quitte
je te plaque sur tes trottoirs sales

je connais trop ta bouche, bouche de métro
les bateaux mouche et la couleur de l'eau
c'est fini Paris, je les connais trop
ici je m'ennuie, même quand vient la nuit
on dit que Séville s'éveille à minuitlà-bas,
Paris, la ville s'éveille à minuit

à Toulouse il a plu, à Séville j'ai trop bu
à Rio j'ai eu le mal du pays
oh pari perdu, je retourne vivre à Paris

a Casa da Árvore


"E na casa da árvore entretinha-se imaginado a preocupação de darem por seu sumiço. Com o tempo se acostumarim à idéia de viver sem a presença dele e, sem dúvida, se sentiriam aliviados. Não passariam mais pelo constrangimento de ter que justificar seus modos selvagens, sua costumeira clausura, seu silêncio telepático e aquela velha mania de transformar a vida em teorema. E na casa da árvore veria os anos caminharem lentos no compasso de cada dia de sol, eclipse e tempestade. E cravaria a sorte no tronco espesso que sustentaria seu mundo. E na casa da árvore fabricaria histórias frondosas das pessoas que habitavam as cavernas de seu coração. Plantaria as sementes na certeza de que algué, algum dia, colheria seus frutos. Aos domingos tomaria chá ouvindo Sinatra num radinho de pilha carregando no olhar a certezade ter feito as coisas do seu jeito. E já não seria mais necessário contemporizar seus modos bravios, sua reclusão habitual e aquela velha mania de transformar a morte em teorema."


Olha!


Olha!
Você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei prá mim
A cabeça cheia de problemas
Não me importo
Eu gosto mesmo assim...

Tem os olhos cheios
De esperança
De uma cor que mais
Ninguém possui
Me traz meu passado
E as lembranças
Coisas que eu quis ser
E não fui...

Olha!
Você vive tão distante
Muito além do que
Eu posso terEu que sempre fui
Tão inconstante
Te juro meu amor
Agora é prá valer....

Olha!
Vem comigo aonde eu for
Seja a minha amante
E meu amor
Vem seguir comigo
O meu caminho
E viver a vida
Só de amor...

Alegoria dos porquês

'O tempo batia as asas. No mundo dela era sempre noite. Mesmo de manhã, o céu permanecia no mais completo breu. Cansada daquela mesmice, passou a questionar os porquês de sua existência e da origem do mundo no qual vivia. Procurava a lógica dos fatos e se perdia em suas próprias explicações. Uma ideia fixa martelava em sua cabeça: precisava sair dali e descobrir se tudo era sempre daquele jeito ou se lá longe, bem distante, haveria uma outra realidade. E pôs-se a caminhar. Todo chão era pouco perto do desejo que a movia. E então chegou numa das pontas do mundo: tudo continuava a ser sempre a ser daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia nenhuma outra realidade. Deu a volta e seguiu obstinada. Quanto mais andava mais sentia o tamanhão do mundo. De seus pés brotavam calos. O corpo padecia, descansava, transmutava. E os porquês se tornavam cada vez mais audíveis reverbando nos quartos de seu coração. E no que cruzou o sul, o norte, o leste e o oeste do mundo: tudo continuava a ser sempre daquele jeito e lá longe, bem distante, não havia outra realidade. Quanto mais andava mais sentia o tamaninho do mundo. Não havia mais pra onde ir e seu corpo não suportava mais acompanhar o rítmo frenético dos porquês de sua cabeça. A massa corpórea dela padecia, pipocava, inchava. Achou que fosse morrer naquele instante e quando olhou de volta pra si foi que percebeu a transformação. O corpo dela havia crescido tanto que já não cabia em seu mundo. Com toda aquela pressão, o céu foi se rasgando vagarosamente até revelar a luz. Em seu novo mundo era sempre dia. Mesmo de noite, as estrelas garantiam uma luminosidade que ela jamais poderia prever enquanto lagarta dentro da caixa de sapato. Agora era diferente. Ela batia asas.'


[M.V. ; inspirado em Realejo.]

quarta-feira, 4 de março de 2009

Bom dia!
Olha as flores que eu trouxe pra você, amor.
São pra comemorar aquele dia
Que passei a viver do teu lado
Eu me lembro, entre nós não havia quase nada
E agora é só você que me faz cantar
E é só você que me faz cantar...
Havia mil motivos pra eu não estar naquele show
Mas o nosso destino foi escritoS
ob o som de uma banda qualquer
Eu me lembro, em setembro conheci minha mulher
E agora é só você que me faz cantar
E é só você que me faz cantar...
Tua flor me deu alguém pra amar
E quanto a mim?
Você assim e eu, por final sem meu lugar
E eu tive tudo sem saber quem era eu...
Eu que nunca amei a ninguém
Pude, então, enfim, amar...
'... e a lona rasgada no alto.
no globo os artistas da morte.
e essa tragédia que é viver, e essa tragédia...
tanto amor, que fere e cansa.'


"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa.."

Lamento pelas cuecas que nunca usei


Lamento pelas cuecas que nunca usei

E pelas pessoas que eu poderia ter sido e não fui.

Lamento pelos espelhos quebrados,

Pelos lábios sempre sem cor

E pelo patinho feio que nunca se verá cisne.

Lamento pela Copa de 98,

Pelo triste fim de Policarpo Quaresma

E pelas minhas dores de cabeça quase que diárias.

Lamento por passar o sal ao invés do açucar

E por Van Gogh ter morrido na miséria

Enquanto suas obras hoje valem milhões.

Lamento pela falta de chuva,

Pela falta de verba

E pela falta de luz.

Lamento pelas unhas roídas,

Pelo amor engarrafado

E pelas palavras ferozmente retidas no céu da boca.


[maíra viana]



terça-feira, 3 de março de 2009

Eu e aquela que nunca fui, A Feliz

Nas madrugadas mais custosas, perambulo pela casa com a alma em vigília. Da janela, um vento gélido teima em alardear que os tempos são outros. A cama é outra, as ruas são outras, as canções mudaram e do júbilo de outrora só restou essa ausência de mim mesma, esse gosto dilacerado na boca ao fim de cada xícara de café. Ausência de mim mesma, do que eu era quando éramos - primeira pessoal do plural. De quando a vida chegou a ser um acontecimento feliz. De como eu era sujeito de meus próprios verbos, protagonista da mais bela história de afeto jamais dantes escrita. As lágrimas estancaram. "O tempo passou", brado a mim mesma, "como ousas olhar pra trás?". O espelho me diz o que devo fazer com você: empalhar e pôr na galeria das boas lembranças, junto com todos os outros. Ele só não consegue me dizer o que devo fazer comigo quando sinto saudades de quem eu era quando vivíamos a mesma fábula. Eu e meu semblante risonho, eu e minhas palavras otimistas, eu e minha docilidade expostas, eu e aquela que nunca fui, A feliz. Eu, que esquecia de ficar triste, que acreditava ser bela, que supunha ser plena. Eu tenho saudades de mim e do passado que já não me cabe mais.
[M.V.]

O verbo foder e a vida!

A vida é F-O-D-A! A palavra é vulgar mas sabe que faço uso dela o tempo todo? E digo mais: não há sinônimo que expresse a força que só ela tem! O que me consola é saber que, neste momento, há milhares de pessoas se fudendo por aí e mais centenas e centenas que irão se fuder daqui há duas horas e, por fim, 100% da população mundial já se fudeu algum dia. É uma constatação dura mas óbvia visto que nascer já é se foder ! Afinal, não é à toa que o homem já nasce chorando!!
[M.V.]

não, eu não sou assim!
nem poderia ser, sendo eu de trejeitos tão distintos dos teus.
fique, uma noite, ou volte semana que vem, uma ligação, talvez.
a única certeza é a dúvida, e novamente caio, e novamente tento, e novamente torno a cair.
não tem asas, nem força, nem atitude, é como pedra.
viva, mas imóvel ao que ocorre ao redor.
sente,
sente
sente.
e não consegue digerir.
não quer digerir
prefere insistir no sofrer como forma de manter, mesmo que doa, algo vivo em si.
vivo?
lembrei.
o que me esqueci era de viver.
então novamente caio e permaneço ali no caos.

— Eu quero me matar.(silêncio)
—Eu estou apaixonada.
— Você quer se matar porque está apaixonada?
— Acho que sim.
— Mas você só tem dezesseis anos.
— E o que que tem? Não sei quem foi que disse que a gente devia sematar na adolescência, quando as coisas ainda são bonitas.
— As coisas não são bonitas?
— Não. Odeio cada pedra desta cidade. Cada porta. Cada casa. Cadacara que passa por mim na rua. Odeio, odeio. Mas não se mate.(silêncio)
— Por favor.
— Por favor o quê?
— Não se mate.
— Ah, esquece. O sol está indo embora. Só falta um terço dele.
— Ninguém se mata por amor.
— Agora só tem uma lasquinha dele, bem vermelha.
— Olha, uma vez eu li um cara, um escritor chamado Cesare Pavese, que dizia assim: “Ninguém se suicida por amor. Suicida-se porque o amor, não importa qual seja, os revela na nossa nudez, na nossa miséria, no nosso estado desarmado, no nossonada.”
— E o que aconteceu com ele, esse tal Cesare?— Se matou.(silêncio)