Lamento pelas cuecas que nunca usei
E pelas pessoas que eu poderia ter sido e não fui.
Lamento pelos espelhos quebrados,
Pelos lábios sempre sem cor
E pelo patinho feio que nunca se verá cisne.
Lamento pela Copa de 98,
Pelo triste fim de Policarpo Quaresma
E pelas minhas dores de cabeça quase que diárias.
Lamento por passar o sal ao invés do açucar
E por Van Gogh ter morrido na miséria
Enquanto suas obras hoje valem milhões.
Lamento pela falta de chuva,
Pela falta de verba
E pela falta de luz.
Lamento pelas unhas roídas,
Pelo amor engarrafado
E pelas palavras ferozmente retidas no céu da boca.
[maíra viana]