"E na casa da árvore entretinha-se imaginado a preocupação de darem por seu sumiço. Com o tempo se acostumarim à idéia de viver sem a presença dele e, sem dúvida, se sentiriam aliviados. Não passariam mais pelo constrangimento de ter que justificar seus modos selvagens, sua costumeira clausura, seu silêncio telepático e aquela velha mania de transformar a vida em teorema. E na casa da árvore veria os anos caminharem lentos no compasso de cada dia de sol, eclipse e tempestade. E cravaria a sorte no tronco espesso que sustentaria seu mundo. E na casa da árvore fabricaria histórias frondosas das pessoas que habitavam as cavernas de seu coração. Plantaria as sementes na certeza de que algué, algum dia, colheria seus frutos. Aos domingos tomaria chá ouvindo Sinatra num radinho de pilha carregando no olhar a certezade ter feito as coisas do seu jeito. E já não seria mais necessário contemporizar seus modos bravios, sua reclusão habitual e aquela velha mania de transformar a morte em teorema."
renascer das cinzas
Há 10 anos